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A cidade e as serras

— Durante cinco annos, em Paris, tudo continúa... As mulheres com um pouco mais de pós d’arroz, e a pelle um pouco mais molle, e melada. Os homens com um tanto mais de dispepsia. E tudo segue. Tivemos os Anarchistas. A princeza de Carman abalou com um acrobata do Circo de Inverno... E — e voilà!

— Dornan?

— Continúa... Não o encontrei mais desde o 202. Mas vejo ás vezes o nome d’elle, no Boulevard, com versos preciosos, obscenidades muito apuradas, muito subtis.

— E o Psychologo?... Ora, como se chamava elle?...

— Continúa tambem. Sempre com as feminices a tres francos e cincoenta... Duquezas em camisa, almas núas... Cousas que se vendem bem!

Mas quando eu, encantado, ia indagar de Todelle, do Grão-Duque, o comboio entrou na estação de Biarritz: — e rapidamente, apanhando o paletot e os jornaes, depois de me apertar a mão, o delicioso Marizac saltou pela portinhola, que o seu creado abrira, gritando:

— Até Paris!... Sempre rue Cambori.

Então, no compartimento solitario, bocejei, com uma estranha sensação de monotonia, de saciedade, como cercado já de gentes