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A cidade e as serras
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sobre a sua lividez, aconselhou ao meu appetite, por ser tão tarde, um lingoado frito e uma costelleta.

— E que vinho, snr. Conde?

— Chablis, snr. Duque!

Elle sorrio á minha deliciosa pilheria, — e eu abri, contente, a Voz de Paris. Na primeira columna, atravez d’uma prosa muito retorcida, toda em brilhos de joia barata, entrevi uma Princesa núa, e um Capitão de Dragões, que soluçava. Saltei a outras columnas, onde se contavam feitos de cocottes de nomes sonoros. Na outra pagina escriptores eloquentes celebravam vinhos digestivos e tonicos. Depois eram os crimes do costume. — Não ha nada de novo! Puz de parte a Voz de Paris, — e então foi, entre mim e o lingoado, uma lucta pavorosa. O miseravel, que se frigira rancorosamente contra mim, não consentia que eu descollasse da sua espinha uma febra escassa. Todo elle se ressequira n’uma sola impenetravel e tostada, onde a faca vergava, impotente e tremula. Gritei pelo môço livido, o qual, com faca mais rija, fincando no soalho os sapatos de fivella, arrancou emfim áquelle malvado duas tirinhas, finas e curtas como palitos, que engoli juntas, e me esfomearam. D’uma garfada findei a costelleta. E paguei quinze francos com um bom luiz d’ouro. No trôco, que o