Página:A cidade e as serras (1901).pdf/382

Wikisource, a biblioteca livre
368
A cidade e as serras

festa linda... Não se fez, não se tornou a fazer nada tão brilhante em Paris... E Madame d’Oriol... Ainda ha dias a vi no Palacio de Gelo... Potavel, mulher ainda muito potavel... Não é todavia o meu genero... Adocicada, leitosa, pommadada, neve á la vanille!... Ora esse Jacintho!...

— E Vossa Alteza, em Paris com demora?

O formidavel homem baixou a face, franzida e confidencial:

— Nenhuma. Paris não se aguenta... Está estragado, positivamente estragado... Nem se come! Agora é o Ernest, da Praça Gaillon, o Ernest, que era maitre-d’hotel do Maire... Já lá comeu? Um horror. Tudo é o Ernest, agora! Onde se come? No Ernest. Qual! Ainda esta manhã lá almocei... Um horror! Uma salada Chambord... palhada, indecentemente palhada! Não tem, não tem a noção da salada! Paris foi! Theatros, uma estopada. Mulheres, hui! Lambidas todas. Não ha nada! Ainda assim, n’um dos theatritos de Montmartre, na Roulotte, está uma revista, que se vê: Para cá as mulheres! — engraçada, bem despida... A Celestine tem uma cantiga, meia sentimental, meia porca, o Amor no Water-Closet, que diverte, tem topete... Onde está, Fernandes?

— No Grand-Hotel, meu senhor.

— Que barraca!... E o seu Rei sempre bom?.