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A cidade e as serras

Jacintho dobrava vagarosamente a sua carta, onde mettera sem rebuço (como convinha á nossa fraternidade) duas violetas brancas tiradas do ramo que lhe floria o peito.

— Ámanhã, Zé Fernandes, tu vens antes d’almoço, com as tuas malas dentro d’um fiacre, para te installares no 202, no teu quarto. No Hotel são embaraços, privações. Aqui tens o telephone, o teatrophone, livros...

Acceitei logo, com simplicidade. E Jacintho, embocando um tubo acustico, murmurou:

— Grillo!

Da parede, recoberta de damasco, que subitamente e sem rumor se fendeu, surdio o seu velho escudeiro (aquelle moleque que viera com D. Gallião), que eu me alegrei de encontrar tão rijo, mais negro, reluzente e veneravel na sua tesa gravata, no seu collete branco de botões de ouro. Elle tambem estimou vêr de novo «o siô Fernandes». E, quando soube que eu occuparia o quarto do avô Jacintho, teve um claro sorriso de preto, em que envolveu o seu senhor, no contentamento de o sentir emfim reprovido d’uma familia.

— Grillo, dizia Jacintho, esta carta a Madame de Oriol... Escuta! Telephona para casa dos Trèves que os espiritistas só estão livres no domingo... Escuta! Eu tomo uma douche