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A cidade e as serras
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com deferencia: — «Amavel! Coitado!» Depois, revolvendo lentamente o montão de telegrammas que se alastrava até ao meu copo:

— Oh Jacintho! Quem é esta Diana que incessantemente te escreve, te telephona, te telegrapha, te...?

— Diana?... Diana de Lorge. É uma cocotte. É uma grande cocotte!

— Tua?

— Minha, minha... Não! tenho um bocado.

E como eu lamentava que o meu Principe, senhor tão rico e de tão fino orgulho, por economia d’uma gamella propria chafurdasse com outros n’uma gamella publica — Jacintho levantou os hombros, com um camarão espetado no garfo:

— Tu vens das serras... Uma cidade como Paris, Zé Fernandes, precisa ter cortezãs de grande pompa e grande fausto. Ora para montar em Paris, n’esta tremenda carestia de Paris, uma cocotte com os seus vestidos, os seus diamantes, os seus cavallos, os seus lacaios, os seus camarotes, as suas festas, o seu palacete, a sua publicidade, a sua insolencia, é necessario que se aggremiem umas poucas de fortunas, se forme um syndicato! Somos uns sete, no Club. Eu pago um bocado... Mas meramente por Civismo, para dotar a cidade com uma cocotte monumental.