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A cidade e as serras

De resto não chafurdo. Pobre Diana!... Dos hombros para baixo nem sei se tem a pelle côr de neve ou côr de limão.

Arregalei um olho divertido:

— Dos hombros para baixo?... E para cima?

— Oh para cima tem pó d’arroz!... Mas é uma sécca! Sempre bilhetes, sempre telephones, sempre telegrammas. E tres mil francos por mez, além das flores... Uma massada!

E as duas rugas do meu Principe, aos lados do seu afilado nariz, curvado sobre a salada, eram como dous valles muito tristes, ao entardecer.

Acabavamos o almoço, quando um escudeiro, muito discretamente, n’um murmurio, annunciou Madame d’Oriol. Jacintho pousou com tranquillidade o charuto; eu quasi me engasguei, n’um sorvo alvoroçado de café. Entre os reposteiros de damasco côr de morango ella appareceu, toda de negro, d’um negro liso e austero de Semana Santa, lançando com o regalo um lindo gesto para nos socegar. E immediatamente, n’uma volubilidade docemente chalrada:

— É um momento, nem se levantem! Passei, ia para a Magdalena, não me contive, quiz vêr os estragos... Uma inundação em Paris, nos Campos-Elyseos! Não ha senão este Jacintho.