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A cidade e as serras
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E vem no Figaro! O que eu estava assustada, quando telephonei! Imaginem! Agua a ferver, como no Vesuvio... Mas é d’uma novidade! E os estofos perdidos, naturalmente, os tapetes... Estou morrendo por admirar as ruinas!

Jacintho, que não me pareceu commovido, nem agradecido com aquelle interesse, retomára risonhamente o charuto:

— Está tudo secco, minha querida senhora, tudo secco! A belleza foi hontem, quando a agua fumegava e rugia! Ora que pena não ter ao menos cahido uma parede!

Mas ella insistia. Nem todos os dias se gozavam em Paris os destroços d’uma inundação. O Figaro contára... E era uma aventura deliciosa, uma casa escaldada nos Campos-Elyseos!

Toda a sua pessoa, desde as plumasinhas que frisavam no chapéo até á ponta reluzente das botinas de verniz, se agitava, vibrava, como um ramo tenro sob o boliço do passaro a chalrar. Só o sorriso, por traz do véo espesso, conservava um brilho immovel. E já no ar se espalhára um aroma, uma doçura, emanadas de toda a sua mobilidade e de toda a sua graça.

Jacintho no emtanto cedera, alegremente: e pelo corredor Madame d’Oriol ainda louvava