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A cidade e as serras
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Todos os lumes electricos, subitamente, em todo o 202, se apagaram! Na minha immensa desconfiança d’aquellas forças universaes, pulei logo para a porta, tropeçando nas trevas, ganindo um Aqui d’Elrei! que tresandava a Guiães. Jacintho em cima berrava, com o manícuro agarrado ás pyjamas. E de novo, como serva ralassa que recolhe arrastando as chinellas, a luz resurgiu com lentidão. Mas o meu Principe, que descera, enfiado, mandou buscar um engenheiro á Companhia Central da Electricidade Domestica. Por precaução outro creado correu á mercearia comprar pacotes de velas. E o Grillo desenterrava já dos armarios os candelabros abandonados, os pesados castiçaes archaicos dos tempos inscientificos de D. Galião: era uma reserva de veteranos fortes, para o caso pavoroso em que mais tarde, á ceia, falhassem perfidamente as forças bisonhas da Civilisação. O Electricista, que acudira esbaforido, afiançou porém que a Electricidade se conservaria fiel, sem outro amuo. Eu, cautelosamente, soneguei na algibeira dous côtos de estearina.

A Electricidade permaneceu fiel, sem amuos. E quando desci do meu quarto, tarde (porque perdera o collete de baile e só depois d’uma busca furiosa e praguejada o encontrei cahido por traz da cama!), todo