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Página:A cidade e as serras (1912).djvu/270

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A CIDADE E AS SERRAS

ao copo, para contemplar no meu amigo algum reflexo do Grão-Duque. E eu contei, com profusão, o peixe encalhado, o Grão-Duque pescando, o anzol feito com um gancho da Princesa de Carman, o duque de Marizac, caindo quase no poço do elevador... Mas não se produziu um único riso, e a atenção mesmo era dada com esforço, por cortesia. Debalde eu arremessava aqueles nomes magníficos de príncipes e princesas, misturados a coisas picarescas... Nenhum dos meus convidados compreendia o maquinismo do elevador, um prato encalhado num poço negro... Perante o gancho da Princesa, as Albergarias baixaram os olhos. E a minha deliciosa história morreu numa reticência, ainda mais regelada pela exclamação inocente da tia Vicência:

— Oh! filho, que coisas!

Mas, como Jacinto se enfronhara de repente numa larga conversa com a Luisinha Rojão, que ria, toda luminosa e palradora, — todos, como libertados do peso cerimonioso da sua presença augusta, se lançaram nas conversinhas discretas, a que o champanhe, agora, depois do assado, dava mais viveza. Eram os soturnos murmúrios, em torno da mesa, que definitivamente se perpetuavam. Foi então que desisti de animar o jantar. Mergulhei com a bela mulher do Doutor Alípio na grande questão social desse tempo em Guiães, o casamento da D. Amélia Noronha com o feitor! E eu defendia a D. Amélia, os direitos do amor, quando se alargou um silêncio, — e era Jacinto, que se debruçava, de copo na mão.

— Velho amigo Zé Fernandes, à tua! Muitos

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