Página:A escrava Isaura (1875).djvu/124

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termos de cahir de joelhos a seos pés; mas não mandou-me entrar, nem fez-me offerecimento algum.

— Esse lenço, Alvaro, — atalhou um cavalheiro, — de certo ella o deixou cahir de proposito, para que pudesses vel-a de perto e fallar-lhe. E’ um apuro de romantismo, um delicado rasgo de coquetterie.

— Não creio; não ha naquelle ente nem sombra de coquetterie; tudo nella respira candura e singeleza. O certo é que custei a arrancar meos pés daquelle lugar, onde uma força magnetica me retinha, e que parecia rescender um mysterioso effluvio de amor, de pureza e de ventura...

Alvaro pára em sua narrativa, como que embevecido em tão suaves recordações.

— E ficaste nisso, Alvaro! — perguntava outro cavalheiro; — o teo romance está-nos interessando; vamos por diante, que estou afflicto por ver a peripecia...

— A peripecia?.., oh! essa ainda não chegou, e nem eu mesmo sei qual será. Esgotei em fim os estratagemas possiveis para ter entrada no sanctuario daquella deosa; mas foi tudo baldado. O acaso em fim veio em meo socorro, e servio-me melhor do que toda a minha habilidade e diligencia. Passeando eu uma tarde de carro no bairro de Santo Antonio, pelas margens do Beberibe, passeio que se tornára para mim uma