Saltar para o conteúdo

Página:A escrava Isaura (1875).djvu/155

Wikisource, a biblioteca livre

vessem pregados no chão. Isaura estava como o desgraçado a quem circunstancias fataes arrastão ao suicidio, mas que ao chegar á borda do precipicio medonho em que deseja arrojar-se, recua espavorido.

— Fraca e covarde creatura que eu sou! — pensou ella por fim esmorecida: — que miseria! nem tenho coragem para cumprir um dever! não importa; para tudo ha remedio; cumpre que elle ouça da boca de meo pae, o que eu não tenho animo de dizer-lhe.

Esta idéa luzio-lhe no espirito como uma taboa salvadora; agarrou-se a ella com sofreguidão, e antes que de novo lhe fraqueasse o animo, tratou de pôl-a em execução.

— Meo pae, — disse ella resolutamente, apenas Alvaro transpoz o portão do pequeno jardim, — declaro-lhe, que não vou a esse baile; não quero, nem devo por forma nenhuma lá me apresentar.

— Não váis?! — exclamou Miguel attonito. — E por que não disseste isto ha mais tempo, quando o senhor Alvaro ainda aqui se achava? agora que já démos nossa palavra...

— Para tudo ha remedio, meo pae, — atalhou a filha com febril vivacidade — e para este caso elle é bem simples. Vá meo pae depressa á casa desse moço, e diga-lhe o que eu não tive animo de dizer-lhe; declare-lhe quem eu sou, e está tudo acabado.