Página:A escrava Isaura (1875).djvu/213

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Martinho ficou por alguns momentos a roer as unhas, pensativo e com os olhos pregados no chão. Por fim levantando a cabeça e levando á testa o dedo indice:

— Atinei! — exclamou. — Dizer que a escrava desappareceo de novo, não é conveniente, e iria comprometter a Vª. Sª., que se responsabilizou por ella. Direi sómente, que bem averiguado o caso, reconheci que a moça, que Vª. Sª. tem em seo poder, não é a escrava em questão, e está tudo acabado.

— Essa não é mal achada... mas foi um negocio tão publico...

— Que importa!... não se lembra Vª. Sª. de um signal em forma de queimadura em cima do seio esquerdo, que vem consignado no annuncio? direi, que não se achou semelhante signal, que é muito caracteristico, e está destruida a identidade de pessoa. Accrescentarei mais que a moça, por quem Vª. Sª. se interessa, vista de noite é uma cousa, e de dia é outra; que em nada se parece com a linda escrava que se acha descripta no annuncio, e que em vez de ter vinte annos mostra ter seos trinta e muitos para quarenta, e que toda aquella mocidade e formosura era effeito dos arrebiques, e da luz vacillante dos lustres e candelabros.

— O senhor é bem engenhoso, — observou Alvaro sorrindo-se; — mas os que a virão, nenhum credito darão a tudo isso. Resta porém ainda uma