Saltar para o conteúdo

Página:A escrava Isaura (1875).djvu/216

Wikisource, a biblioteca livre

206

documentos, que justifiquem o seo direito á liberdade. E’ quanto me basta por agora; quanto ao resto, já que pareces julgar a minha causa irremissivelmente perdida, a justiça divina me inspirará o modo por que devo proceder.

— Como te enganas, meo pobre Alvaro!... cuidas, que arredando o Martinho ficas por emquanto livre de perseguições e pesquisas contra a tua protegida? que cegueira!... não faltarão malsins igualmente esganados por dinheiro, que pelos cinco contos de réis, que para esses miseraveis é uma somma fabulosa, se ponhão á cata de tão preciosa presa. Agora principalmente, que o Martinho deo a alarma, e que esse negocio tem attingido a um certo gráo de celebridade, em vez de um, apparecerão cem Martinhos no encalce da bella fugitiva, e não terão mais que fazer senão seguir a trilha batida pelo primeiro.

— E’s muito meticuloso, Geraldo, e encaras as cousas sempre pelo lado peor. E’ bem provavel que peguem as patranhas inventadas pelo Martinho, e que ninguem mais se lembre de descobrir a captiva Isaura nessa moça, por quem me interesso, e embora mil malsins a procurem por todos os cantos do mundo, pouco me importará. Sempre obtenho uma dilação, que poderá me ser muito vantajosa.

— Pois bem, Alvaro; vamos que assim aconteça; mas tu não vês que semelhante procedimento