Página:A escrava Isaura (1875).djvu/93

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parece-me que elle anda tão adiantado como eu.

Pobre Isaura! sempre e em toda parte esta continua importunação de senhores e de escravos, que não a deixão socegar um só momento! Como não devia viver afflicto e attribulado aquelle coração! Dentro de casa contava ella quatro inimigos, cada qual mais porfiado em roubar-lhe a paz da alma, e torturar-lhe o coração: tres amantes, Leoncio, Belchior, e André, e uma emula terrivel e desapiedada, Rosa. Facil lhe fôra repellir as importunações e insolencias dos escravos e creados; mas que seria della, quando viesse o senhor!?...

De feito, poucos instantes depois Leoncio, acompanhado pelo feitor, entrava no salão das fiandeiras. Isaura, que um momento suspendera o seo trabalho, e com o rosto escondido entre as mãos se embevecia em amargas reflexões, não se apercebera da presença delles.

— Onde estão as raparigas que aqui costumão trabalhar?... perguntou Leoncio ao feitor, ao entrar no salão.

— Forão jantar, senhor; mas não tardarão a voltar.

— Mas uma cá se deixou ficar... ah! é a Isaura... Ainda bem! — reflectio comsigo Leoncio, — a occasião não pode ser mais favoravel; tentemos os ultimos esforços para reduzir aquella empedernida creatura. Logo