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     Todos quantos se teem enriquecido nas ilhas á custa de vossos trabalhos e vossos soffrtmentos, teem, como compensação, o direito de vos insultar em libellos calumniosos; mas não é permittido, responder-lhes. — Tal a idéa que teem vossos senhores da bondade do direito d'elles, — tal a consciencia que teem da humanidade com que vos tratam!...

     Porém, essa injustiça foi para mim uma ração de mais para tomar, em um paiz livre, a deffeza da liberdade dos homens.

     Sei que nunca haveis de lêr esta minha obra, e que a doçura de ser por vós abençoado me será sempre recusada. Terei, porém, satisfeito meu coração magoado pelo espectaculo de vossos males, indignado pela insoLencia absurda dos sophismas de vossos tyrannos.

     Não empregarei a eloquencia, mas a razão; não fallarei dos interesses do commercio, mas das leis da justiça.

     Vossos tyrannos accusar-me-hão de repetir cousas communs, e de só apresentar idéas chimericas; na realidade, nada mais commum que as maximas da humanidade e da justiça; nada mais chimerico que propôr aos homens pautarem por ellas o seu procedimento.

     França — 1781.

J.Schwartz.