— Manda calar aquele sabiá, Catarina!
— Deixa lá o pássaro; chora.
— ... Parto depois de amanhã. Desta vez a viagem será longa... Entrego em Belém o comando do Netuno a outro. Tenho substituto; está tudo combinado e resolvido. Bem resolvido. Devo fugir-lhe. Não era preciso que evocasses a lembrança do passado para me dissuadir...
— Não tive a intenção de te dissuadir; quer-me parecer que o amor não é figura de barro que se amolgue com os dedos. Somente, como ela ama o dr. Gervásio...
— Por quem soubeste isso?
— Por nossa madrasta, que sem sair daqui sabe sempre de tudo, benza-a Deus!
— Mas quem lhe diria a ela semelhante coisa?!
— Talvez o médico... talvez a cozinheira... talvez o vento. O vento traz-lhe aos ouvidos coisas que ninguém mais ouve. E é uma espada desembainhada para todas as faltas, aquela mulher!
— De mais a mais, é uma calúnia! Camila é discreta; mesmo que isso assim fosse, quem poderia adivinhar?
— João, amores são como luzes através de rendas: aparecem sempre.
— Não, não; é preciso convencê-la de que