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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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no seu neto, senão pela continuação heroica das mesmas façanhas, pela mesma alevantada comprehensão do heroismo... Que diabo! sob o reinado do horrendo S. Fulgencio elle não podia desmantelar o solar de Bayão, desmantelado ha seiscentos annos por seu avô Lionel Ramires — nem retomar aos Mouros essa torreada Monforte onde o Antoninho Moreno era o languido Governador Civil! Mas sentia a grandeza e o prestimo historico d’esse arrojo que outr’ora impellia os seus a arrasar Solares rivaes, a escalar Villas mouriscas: resuscitava pelo Saber e pela Arte, arrojava para a vida ambiente, esses varões temerosos, com os seus corações, os seus trajes, as suas immensas cutiladas, as suas bravatas sublimes: dentro do espirito e das expressões do seu Seculo era pois um bom Ramires — um Ramires de nobres energias, não façanhudas, mas intellectuaes, como competia n’uma Edade d’intellectual descanço. E os jornaes, que tanto motejam a decadencia dos Fidalgos de Portugal, deveriam em justiça affirmar (e elle o lembraria ao Castanheiro!): — «Eis ahi um, e o maior, que, com as fórmas e os modos do seu tempo, continua e honra a sua raça!»

Através d’estes pensamentos, que mais lhe enrijavam as passadas sobre chão tão calcado pelos seus — o Fidalgo da Torre chegára á esquina do muro