Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/225

Wikisource, a biblioteca livre
A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
217

d’espingardas... «Qual! Aqui anda Politica!» E quando, passada uma hora lenta, repenetrou na Praça e avistou a caleche da Torre ainda encalhada á porta do Governo Civil — correu á Arcada, desabafou logo com os dois Villa-Velhas, ambos pensativamente encostados aos dois humbraes da Tabacaria Elegante:

— Vocês sabem quem está no Governo Civil?... O Gonçalo Ramires!... Com o Cavalleiro!

Todos em roda se mexeram, como acordando, nas gastas cadeiras de verga — onde os estendera somnolentamente o silencio e a ociosidade da arrastada tarde de verão. E o Mendonça, excitado, contou que desde as duas horas e meia Gonçalo Mendes Ramires, «em carne e osso», se conservava fechado com o Cavalleiro, no Governo Civil, n’uma conferencia magna! O espanto e a curiosidade foram tão ardentes que todos se ergueram, se arremessaram para fóra dos Arcos, a espiar a bojuda varanda do convento, sobre o portão — que era a do gabinete de Sua Excellencia.

Precisamente, n’esse momento, José Barrôlo, a cavallo, de calça branca, de rosa branca na quinzena d’alpaca, dobrava a esquina da rua das Vendas. E o interesse todo d’aquelles cavalheiros se precipitou para elle, na esperança d’uma revelação:

— Oh Barrôlo!