Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/267

Wikisource, a biblioteca livre
A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
259

de o ensopar em brilhantina, d’acamar as ondas da cabelleira rebelde, de se mirar, de se requebrar, assegurou a Gonçalo, já inquieto, que a eleição ficára solida...

— Mas imagina tu! Quando appareci em Lisboa, no Ministerio do Reino, encontrei o circulo promettido ao Pitta, ao Theotonio Pitta, o grande homem da Verdade...

O Fidalgo pulou, despenhando a ruma de camisas:

— E então?...

E então elle mostrára muito asperamente ao José Ernesto a inconveniencia de dispôr do Circulo como d’um charuto, sem o consultar, a elle, Governador Civil — e dono do circulo... E como o José Ernesto se arrebitava, alludia á conveniencia superior do Governo, elle logo, estendendo o dedo firme: — «Pois Zésinho, flôr, ou trago o Ramires por Villa-Clara, ou me demitto, e arde Troia!...» Espantos, escarceus, berreiros — mas o José Ernesto cedêra, e tudo findou jantando ambos em Algés com o tio Reis Gomes, onde á noite, ao «bluff», as senhoras lhe arrancaram quatorze mil reis.

— Em resumo, Gonçalinho, precisamos conservar os olhos attentos. O José Ernesto é rapaz leal, meu velho amigo. E depois conhece o meu genio... Mas ha os compromissos, as pressões... E agora a novidade