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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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a antiguidade da sua raça, mais antiga que o Reino, popularisada por uma historia d’heroica belleza, em que com tanto fulgor resaltavam a bravura e a soberba d’alma dos Ramires; e emfim a seriedade academica do seu espirito, o seu nobre gosto pelas investigações eruditas, apparecendo no momento em que tentava a carreira do Parlamento e da Politica!... E o trabalho, a composição moral dos vetustos Ramires, a resurreição archeologica do viver Affonsino, as cem tiras de almaço a atulhar de prosa forte — não o assustavam... Não! porque felizmente já possuia a «sua obra» — e cortada em bom panno, alinhavada com linha habil. Seu tio Duarte, irmão de sua mãe (uma senhora de Guimarães, da casa das Balsas), nos seus annos de ociosidade e imaginação, de 1845 a 1850, entre a sua carta de Bacharel e o seu Alvará de Delegado, fôra poeta — e publicára no Bardo, semanario de Guimarães, um Poemeto em verso solto, o Castello de Santa Ireneia, que assignára com duas iniciaes D.B. esse castello era o seu, o Paço antiquissimo de que restava a negra torre entre os limoeiros da horta. E o Poemeto cantava, com romantico garbo, um lance de altivez feudal em que se sublimára Tructesindo Ramires, Alferes-mór de Sancho I, durante as contendas de Affonso II e das senhoras Infantas. Esse volume do Bardo, encadernado em marroquim, com o brazão dos Ramires, o açor negro