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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

Historia era perpetuada em verso e cantada ao som da lyra... Em fim quer saber esse caso do tumulo aberto, segundo as quadras do Videirinha? Eu sempre conto! Mas só para a Snr. aD. Anna, que não soffre d’esses escrupulos...

— Não! acudiu D. Maria. Se o Videirinha tem essa auctoridade historica então conte tambem para mim, que sou da Casa!

Gonçalo, por gracejo, tossio, passou o lenço pelos beiços:

— Pois eis o caso! N’esse tumulo habitava, naturalmente morto, um dos meus avós... Não me lembro o nome, Gutierres ou Lopo. Creio que Gutierres... Emfim, lá jazia quando foi da batalha das Navas de Tolosa... A prima Maria conhece a batalha das Navas, os cinco reis mouros, etc... Como o tal Gutierres soube da batalha não contam os versos do Videirinha. Mas, apenas lá dentro lhe cheirou a carnificina, arromba o tumulo, sahe por este pateo como um desesperado, desenterra o seu cavallo que fôra enterrado no adro onde agora crescem estes carvalhos, monta n’elle todo armado, e, Cavalleiro morto sobre cavallo morto, larga a galope através da Hespanha, chega ás Navas, arranca a espada, e destroça os mouros... Que lhe parece, Snr. aD. Anna?

Dedicára a historia a D. Anna, procurando nos