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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Durante toda essa macia semana dos fins de Setembro, Gonçalo trabalhou no Capitulo final da sua Novella.

Era emfim a madrugada vingadora em que os Cavalleiros de Santa Ireneia, reforçados pelas mais nobres lanças da mesnada dos Castros, surprehendiam, no bravio desfiladeiro marcado por Garcia Viegas, o Sabedor, o bando de Bayão, na sua açodada corrida sobre Coimbra... Briga curta e falsa, sem destro e brioso terçar d’armas, mais semelhante a montaria contra um lobo do que a arremettida contra um Filho-de-Algo. E assim a desejára Tructesindo, com ruidosa approvação de D. Pedro de Castro, por que não se cuidava de combater um inimigo, mas de colher um matador.

Antes do luzir d’alva, o Bastardo abalára do castello de Landim, em dura pressa e com tão descuidada segurança, que nem almogavar nem coudel lhe atalayavam os trilhos. As cotovias cantavam quando elle, em aspero trote, penetrou por essa brecha, entalada entre escarpas de penedia e urze, que chamam a Racha do Moiro, desde que Mafoma a fendeu para que escapassem as adagas christans de El-Rei Fernando, o Magno, o Alcaide moiro de Coimbra e a monja que elle arrebatára á garupa. E apenas pela esguia greta enfiára a derradeira lança da fila — eis