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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

— Mas emfim, venha lá, dize.

O Cavalleiro insistia, indolente. Todo o espanto era que só agora se pensasse em a realisar, cousa tão devida, tão adequada. Pois não lhe parecia á Snr. aD. Graça?

Gonçalo, n’uma braza, berrou:

— Mas quê? que diabo?

O Cavalleiro, que se despegára vagarosamente da poltrona, puxou os punhos, e deante de Gonçalo, no silencio attento, alteando o peito, grave, quasi official, começou:

— Meu tio Reis Gomes, e o José Ernesto, tiveram uma ideia muito natural, que communicaram a El-Rei, e que El-Rei approvou... Que approvou mesmo ao ponto de a appetecer, de se assenhorear d’ella, de desejar que fosse só sua. E hoje é só d’El-Rei. El-Rei pois pensou, como nós pensamos, que um dos primeiros fidalgos de Portugal, decerto mesmo o primeiro, devia ter um titulo que consagrasse bem a antiguidade illustre da Casa, e consagrasse tambem o merito superior de quem hoje a representa... Por isso, meu querido Gonçalo, já te posso annunciar, e quasi em nome d’El-Rei, que vaes ser Marquez de Treixedo.

— Bravo! bravo! bramou o Barrôlo, com palmas delirantes. Saltem para cá os quinze tostões, Snr. Marquez de Treixedo!