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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

Então não se senta, Snr. Videira? Olhe, puxe aquella cadeira de vime. A varanda por ora não está arranjada.

Videirinha, logo depois da Eleição, recebera de Gonçalo o logar promettido, facil e com vagares, para não esquecer o violão. Era amanuense na Administração do Concelho de Villa-Clara. Mas convivia ainda na intimidade do seu chefe, que o utilisava para todos os serviços, mesmo de enfermeiro, e o mandava sempre com uma auctoridade secca, mesmo ceando ambos no Gago.

Timidamente arrastou a cadeira de vime, que collocou, com respeito, atraz da cadeira do seu Chefe. E depois de tirar as luvas pretas, que agora sempre trazia para realçar a sua posição, lembrou que o comboio chegava ao apeadeiro de Craquêde ás dez e quarenta, não trazendo atrazo. Mas talvez o Snr. Doutor apeasse em Corinde, por causa das bagagens...

— Duvido, murmurou Gracinha. Em todo o caso o José está com tenção de partir de madrugada, para o encontrar na bifurcação, em Lamello.

— Nós não! acudiu o Titó, que se sentára familiarmente no rebordo da varanda. Cá o nosso rancho vae simplesmente a Craquêde. Já é terra da familia, e sitio mais socegado para o vivorio... Mas então esse homem não se demorou em Lisboa, prima Graça?