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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

Quando o velho faz aquella jura com a espada e depois lá na Torre, muito devagar, começa a tocar a finados... É d’appetite!

Á borda do assento, encolhido contra o Titó, para que o Snr. Administrador se alastrasse confortavelmente, Padre Sueiro, com as mãos no cabo do seu guarda-sol, concordou:

— Com certesa! são lances interessantes... Com certesa! N’aquella novella ha imaginação rica, muito rica: e ha saber, ha verdade.

O Titó, que depois de Simão de Nantua, em pequeno, não abrira mais as folhas d’um livro, e não lêra a Torre de D. Ramires, murmurou, com um risco mais largo na poeira:

— Extraordinario, aquelle Gonçalo!

O Videirinha não findára o seu enlevado sorriso:

— Tem muito talento... Ah! o Snr. Doutor tem muito talento.

— Tem muita raça! exclamou o Titó, levantando a cabeça. E é o que o salva dos defeitos... Eu sou um amigo de Gonçalo, e dos firmes. Mas não o escondo, nem a elle... Sobretudo a elle. Muito leviano, muito incoherente... Mas tem a raça que o salva.

— E a bondade, Snr. Antonio Villalobos! atalhou docemente Padre Sueiro. A bondade, sobretudo como a do Snr. Gonçalo, tambem salva... Olhe, ás vezes