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entendeu-se o dr. Mendes Viana com o consul da França, fazendo-lhe entrega do enfermo. Foi este embarcado num navio francez que por aqui passou. Tempos depois, recebeu o dr. Mendes Viana uma carta sua, datada já da França. Estava bom, inteiramente bom, e aludia, com acentuada mágua, ás loucuuras que por aqui praticára. Acrescentava que os duros trabalhos a que a bordo o tinham submetido lhe restituiram a razão.

Alguns anos decorridos, o sr. Inacio José de Souza, encontrando-se como dr. T. Mendes Viana, participou-lhe que estivera, em Caiena, com um comerciante francez, muito bem estabelecido e grandemente acreditado, que, com muitos elojios, se lhe referira a ele, dr. Mendes Viana, de quem se confesssava amicissimo, tendo estado á testa de uma fazenda sua, no Codó. Foi então que o dr. Mendes Viana, a princípio surpreendido com a noticia, percebeu que se tratava do seu antigo feitor.

A' ação dejenerativa de vicios tais como a diamba, de que vos acabo de falar, e o alcool, toxicos de que tanto abusam, junta-se, para completar a ruina fiziolojica dos nossos trabalhadores da órla maritima, a alimentação nociva, pelo peixe envenenado. Como prova, na verdade inquestionavel, da sua pronunciada tendencia ao menor esforço, os nossos pescadores, que praticam o oficio pelos procéssos mais primitivos, não deixam de recorrer ao efeito estupefaciente ou mortal que tem sobre os peixes alguns vejetais toxicos, cujas raizes, cascas ou folhas, depois de contusas, são ajitadas (batidas, é a expressão consagrada) na agua do igarapé, onde, ato continuo, os peixes começam a vir á tona completamente entorpecidos e são assim pescados comodamente, sem mais cansSeiras e dificuldades. Duas, entrotanto, são as graves desvantajens dêste condenavel recurso: a ação lesiva, para o figado principalmente, exercida pelo timbó, nos que se utilisam de tal genero alimenticio, sem contar os casos de intoxicação aguda, que muitas vezes se manifestam, e a mortandade de todos os peixes, tanto dos grandes, que se aproveitam, como dos pequenos, que se perdem, e são os que menos resistem