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A lavoura e a guerra [1]
I

Para quem procure encarar o assunto da nossa produção agricola á luz duma rigorosa observação, não se deixa de revelar como a causa mais eficiente do seu embaraço a falta de braços idoneos. para corresponderem á oportunidade do extraordinario desenvolvimento que as atuais circunstancias económicas lhe facultariam, se outras fossem as condições dêsse tão importante fator. Ha falta, pode-se afirmar, de operarios agricolas no Maranhão, falta que hoje mais do que nunca se faz sentir, quando já nos envolvemos na vorajem da tremenda guerra mundial e nos incube a todos o dever de medir bem a situação do presente, de modo que o futuro não nos possa trazer incuraveis amarguras.

Desde muito, na verdade, que a nossa agricultura, além de males organicos, como a rotina dos seus precéssos, a escassez de transportes, a sobrecarga de impostos, tem esse obstaculos capital da deficiencia em número e principalmente em qualidade de trabalhadores de campo, que constituem uma população de incapazes, por doença, vicios, malandrice, ignorancia, e insubmissão absoluta aos mais importantes principios de conduta que devem dirijir a ação individual na vida coletiva.

O nosso operario agricola, de facto, se não é o impaludado, ou hipoémico, ou sifilitico, ou ulcerado, em

  1. Conférencia feita em 24 de fevereiro de 1918, ao inaugurar a Sociedade Maranhense de Agricultura.