—Tambem o julgo—respondeu Christina, despeitada;—é vêr como hontem te falou.
—Socega. Quando o coração tem alguma coisa, não se fala assim com a pessoa que causou esse mal.
—Não sei o que elle me está a dizer—disse Christina, olhando para o pateo.—Posso abrir a janella, Lena?
—Eu já estou preparada para soffrer todas as crueldades está manhã. Abre lá a janella, abre. Fala-lhe.
Christina correu a vidraça.
A voz de Henrique chegou distinctamente aos ouvidos de Magdalena.
—Então aquella grande madrugadora da nossa prima, onde está?—perguntou elle a Christina.
Christina respondeu, sorrindo:
—Está a fazer a diligencia que pode para ficar prompta antes do meio dia.
—Oh, que vingança a minha! Ella que tanto falou da minha indolencia!—disse Henrique jovialmente, e continuou falando sempre de Magdalena, e elevando a voz ás vezes para se dirigir directamente a ella, mas sempre sem receber resposta.
Esta insistencia impacientou Christina, para quem elle nem um galanteio tivera ainda.
—De maneira que nós, priminha—continuou Henrique—damos uma lição de mestre áquella arrogante de hontem. Estou ancioso por que ella nos appareça; quero vêr a coragem, com que ousa apresentar-se.
—Eu vou chamal-a—disse sêccamente Christina, e veio dizer a Magdalena, com certo modo, que não podia escapar a está:—Olha se appareces alli ao sr. Henrique de Souzellas, que não descança emquanto te não vê.
A morgadinha, que acabava de ajustar ao espelho as tranças, dando ao penteado a maïs singela e graciosa disposição, voltou-se para a priminha e disse-lhe sorrindo: