— V. ex.a dá-me licença que principie os meus trabalhos? — disse Augusto.
— Ai, quando quizer — respondeu D. Victoria. — Os pequenos estão na sala verde.
Augusto saiu.
D. Victoria entrou no panegyrico do mestre de seus filhos, e não se fartou de exaltar-lhe os talentos e as virtudes, apregoando o muito que aproveitavam os pequenos sob tão intelligente direcção.
— Olhe que o Eduardito já escreve e já lê manuscripto como um homem — dizia ella. — Quer vêr? O sr. Augusto deixou aqui ficar a pasta; ha de ter alguma escripta do pequeno. Ora tambem vou vêr.
E D. Victoria, cedendo aos impulsos do seu enthusiasmo de mãe, foi buscar a pasta de Augusto e pôz-se a procurar n’ella a escripta do filho.
— Não vejo ... — disse ella, remexendo os papeis. — Isto que é?... Ai, isto é uma escripta de Marianna... Ora veja.
Henrique fingiu examinar com attenção a escripta.
— Aqui estão os themas francezes d’elle. Quer vêr? Eu d’isso não entendo, mas hão de estar bons.
E passava tambem os themas para Henrique, que os examinava com a mesma attenção.
— Ora onde estará a escripta de Eduardo? Eu sempre queria que a visse. Isto... isto é... Ha de ser alguma carta, que elle anda a ler. Ora veja, primo; olhe que a lettra ainda não é das mais faceis... Eu por mim não a leio... Quer vêr?
Henrique recebeu, com a maior condescendencia, o novo documento que lhe ministrava D. Victoria, no sympathico intento de provar a habilidade dos filhos.
Voltou distrahidamente a primeira folha da carta e pôz-se a lêl-a no fim; cêdo, porém, começou a examinal-a com grande curiosidade; leu uma e outras das faces escriptas, e, ao acabar a leitura, estava-lhe