—Ahi está quando era preciso que houvesse n’esta terra um homem de vontade, que não deixasse fazer o enterro—disse o padre.
—Era bem feito, para elles saberem tambem que se não brinca assim com o povo.
—Lá isso era!—repetiram algumas vozes.
—Eu por mim... se alguem fôr...—aventurou um.
—E eu, eu—ouviu-se dizer de alguns pontos da sala.
—Deixem-se de contos,—continuou o padre—elles fazem o que querem, porque sabem que não ha um homem de coragem, que se ponha á frente do povo...
—Lá isso é que é verdade.
—Já não ha homens para as occasiões.
O morgado das Perdizes, que tinha presumpções de valente, e se gabava de ter varrido feiras a varapau, espinhou-se com estás palavras, e protestou dizendo:
—Então julgam vossês que eu, se me der para ahi, não vou ao cemiterio, eu só, e ponho tudo aquillo em cacos? hein?
—Isso não se faz com essa facilidade—disse o brazileiro impertinentemente.
—A quanto aposta vossê?—bradou, cada vez maïs afogueado, o sr. Joãozinho.
—Ora vamos—continuava o brazileiro com os mesmos modos—não que a auctoridade...
—A auctoridade! Para mim é que elles veem! Olha o regedor! O regedor commigo! E os cabos? Ó Cosme, hein? Que te parece? Os cabos comnosco?
O Cosme sorriu e resmungou por entre dentes:
—Se queres tentar...
—Com mil demonios!—disse o morgado, exgotando maïs um copo—vamos a isto! anda d’ahi, ó Cosme!
O Cosme levantou-se.