Página:A morgadinha dos canaviais.djvu/548

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O incidente foi a chegada de um criado de farda, pertencente ao serviço de um proprietario da villa proxima. Este criado era portador de uma mensagem para o conselheiro.

O velho Torquato tinha adormecido na sala immediata; o lacaio dispensou-se de o acordar, e guiou-se pelo som das vozes para chegar á presença do conselheiro.

A chegada do lacaio acalmou a tempestade domestica, que principiava a carregar-se.

O conselheiro, conhecendo-o, interrogou-o sobre o fim d’aquella visita.

O criado respondeu:

— Venho para entregar a v. ex.a esta parte telegraphica, que chegou a meu amo logo depois que tinham partido as malas do correio, de maneira que não pôde mandal-a com ellas.

O conselheiro, agitado ainda, pegou no papel, que o mensageiro lhe deu, e correu-o com a vista.

Immediatamente um raio de alegria lhe fuzilou nos olhos.

Acabando de ler, disse ao criado, que esperava resposta:

— Dize a teu amo que recebi, e que pode responder que sim.

O criado saiu.

N’este meio tempo as senhoras e Christina rodeavam Magdalena e combinavam um projecto de harmonia domestica; Angelo e Henrique desempenhavam-se junto de Augusto de quasi identica tarefa.

O conselheiro estendeu a Henrique a parte telegraphica, emquanto que uma visivel satisfação se lhe desenhára no semblante.

— Leia e admire — disse elle.

Henrique leu, e não reteve uma exclamação de surpresa.

A parte dizia:

«Avise o conselheiro Manuel Bernardo para