Página:A pata da Gazela.djvu/214

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segunda vez a felicidade conjugal, embora não tivesse passado da lua-de-mel. É natural que o desejo lhe chegasse com o primeiro fio de neve; quando fossem rareando os apaixonados que a cercavam.

Uma manhã, Horácio passando a pé, como costumava, pela casa da moça, viu-a, por entre as grades, sentada no jardim ocupada em fazer um ramo de flores. Entrou e foi ter com ela, à sombra de uma latada de madressilvas.

Laura deu-lhe lugar perto de si; e começaram a conversar sobre flores, modas e mil futilidades.

Eram dez horas do dia. O sol brilhava em céu límpido; uma aragem fresca sussurrava entre as folhas; os coleiros trinavam nas ramas das laranjeiras. Esse concerto de perfumes e harmonias convidava o coração a abrir-se e cantar o seu hino de amor.

Laura reclinou a fonte e emudeceu, com os olhos embebidos no seio de uma rosa, que tinha no regaço. Horácio tomou-lhe a mão, que ela cedeu com tênue resistência.

— Sabe desde quando eu a amo, Laura? Desde o dia em que a vi pela primeira vez passar em um