Página:A saga de Apsû no Enūma eliš.pdf/3

Wikisource, a biblioteca livre
Nunt. Antiquus, Belo Horizonte, v. 16, n. 1, p. 221-270, 2020

223

narrativa do Gênesis bíblico, isso estando suficientemente ressaltado no título por ele dado ao poema: O relato caldeu da gênese.

Quatorze anos mais tarde, em 1890, Peter Jensen publica, por sua vez, em Strasbourg, uma tradução para o alemão, com transliteração do texto e comentários, em Die Kosmologie der Babylonier (A cosmologia dos babilônios), a que se seguem trabalhos devidos a outros acadêmicos também alemães, nomeadamente Heinrich Zimmer (Göttingen, 1895), Friedrich Delitzsch (Leipzig, 1896) e Peter Jensen (Berlim, 1900). Em 1902, o poema volta a ser traduzido para o inglês no livro de L. W. King intitulado The Seven Tables of Creation (As sete tábuas da criação), publicado em Londres em dois volumes – o primeiro com a transliteração, a tradução e comentários, o segundo com a reprodução das tabuinhas em cuneiforme, às quais se ajuntam novos fragmentos identificados pelo autor. Nas primeiras quatro décadas do século XX, mais três traduções para o alemão foram lançadas, além de outras três para o inglês,[1] a que se somaram a primeira para o italiano (G. Furlani, Il poema della creazione, Bologna, 1934) e a primeira para o francês (René Labat, Le poème babylonien de la création, Paris, 1935).

De então até o início do terceiro milênio, mesmo que tenham surgido traduções para várias línguas, na sua maior parte feitas a partir daquelas para o inglês e o francês, nada de importante aconteceu com relação ao conhecimento do texto acádio. Essa situação muda em 2005, quando Philippe Talon publicou The Standard Babylonian Creation Myth Enūma eliš, com introdução, texto cuneiforme, transliteração, lista de signos, tradução para o francês e glossário, volume que integra a coleção “State Archives of Assyria Cuneiform Texts”, da Universidade de Helsinki. Em 2012, apareceu o volume Das babylonische Weltschöpfungsepos Enūma eliš, da autoria de T. R. Kämmerer e L. A.

  1. Cf. Heidel (1951, p. 3), as traduções são as seguintes: A. Ungnad, Die Religion der Babylonier und Assyrer (Jena, 1921); Erich Ebeling, Das babylonische Weltschöpfungslied, in Bruno Meissner, Altorientalische Texte und Untersucungen (Breslau, 1921); S. Langdon, The Babylonian Epic of Creation (Oxford, 1923); S. Langdon, Babylonian Penitential Psalms to Which Are Added Fragments of the Epic of Creation from Kish (Paris, 1927); E. A. Wallis Budge, The Babylonian Legends of the Creation (Londres, 1931); Anton Deimel, “Enuma eliš” und Hexaëmeron (Roma, 1934).