Foi o que ocorreu com o atual município baiano de Aiquara (de a’y + kûara, “toca da preguiça”). Com efeito, tal localidade chamava-se, até 1915, Preguiça, nome de um mamífero da família dos bradipodídeos, encontrado nas matas tropicais e equatoriais da América. Segundo o IBGE, tal nome foi escolhido por meio de um plebiscito feito no ano de 1924. É uma composição correta em tupi antigo e, é claro, adaptada à fonologia do português.
Abaiara (CE) - O município cearense de Abaiara foi primeiramente chamado São Pedro, por ato provincial de 1837, como distrito do município de Milagres. Em 1938, o distrito de São Pedro passou a chamar-se Pedro Segundo, em homenagem ao antigo imperador do Brasil. O nome foi novamente alterado por decreto-lei estadual em 1943. Foi criada uma perífrase em tupi para Pedro Segundo, a saber, Abaiara, isto é, “o senhor dos homens”.
Paratinga (BA) - Às vezes, um nome de origem indígena constitui decalque de um nome em português que substituiu outro topônimo de origem indígena considerado depreciativo. Um exemplo de nome de origem indígena dessa natureza é Xiririca, no Vale do Ribeira, em São Paulo. Com efeito, o nome Xiririca, certamente da Língua Geral Paulista, tornou-se sinônimo de fim do mundo, lugar remoto, de difícil acesso, primitivo, pouco habitado, cafundó. Era corrente nas primeiras décadas do século XX a expressão “Isso é para lá de Xiririca”. No ano de 1948, tal nome foi, então, alterado. Esse foi também o caso de um município baiano que se chamava Urubu, nome este que foi alterado em 1912 por projeto de lei, passando, então, a denominar-se Rio Branco. Em 1943, por outro decreto estadual, tal topônimo foi substituído pelo decalque Paratinga, de pará – rio + ting – branco + -a – sufixo nominalizador: “rio branco”.
Ubatã (BA) e Sapiranga (RS) - Muitas vezes, um nome de origem tupi já incorporado ao léxico do português e que designa uma planta, um animal, um artefato indígena, um grupo étnico substitui outro nome em português. O distrito de Dois Irmãos, depois de se chamar Alfredo Martins, teve seu nome modificado para Ubatã, que designa diferentes árvores do gênero Astronium (de ‘yba-atã – “árvore dura”).
A mesma coisa ocorreu com relação ao nome Sapiranga, de município sulino. Com efeito, os estados do Sul tiveram forte influência da cultura guarani, tanto por sua proximidade com o Paraguai, quanto pelas incursões paulistas às missões jesuíticas lá estabelecidas. O
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