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ISSN: 2317-2347 – v. 9, n. 2 (2020)
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Universidade da Bahia (com Frederico Edelweiss à frente da dita cadeira) e na Universidade do Paraná (com Mansur Guérios).

Assim, por duas décadas, os estudos tupinológicos dominaram nas universidades que passaram a manter cursos de línguas indígenas. Tal foi a voga que tiveram tais estudos que, durante o segundo governo de Getúlio Vargas, de 1950 a 1954, tramitou no Congresso Nacional um projeto de lei que tornava obrigatória a criação da cadeira de língua tupi em todas as faculdades de Letras do Brasil. Em 3 de setembro daquele ano, poucos dias após o suicídio de Vargas, o presidente Café Filho, seu substituto, assinou a lei n. 2.311, que instituía em todas as faculdades de Filosofia e Letras do País a cadeira de Etnografia Brasileira e Língua Tupi.

Tal lei tinha um sentido nacionalista evidente. Era consequência de uma forte tendência estatizante que o segundo governo de Vargas apresentava, um dos últimos ecos dos pactos populistas que o capital internacional faria soçobrar em todo o Terceiro Mundo nos anos cinquenta e sessenta, fato exemplificado, no Brasil, pelo golpe militar de 1964, pela queda de Perón na Argentina e pela deposição de Ahmed Sukarno, na Indonésia. Nesse momento de desnacionalização econômica e de alinhamento político do Brasil com os Estados Unidos, o Estruturalismo começou a deitar raízes na universidade e na intelligentsia brasileiras. Assim, a partir dos anos sessenta, a criação toponímica artificial em línguas indígenas enfraqueceu-se grandemente.


4 Metodologia e dados utilizados

A fonte dos dados utilizados e de todas as informações apresentadas nesta pesquisa foi o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que, no sítio www.cidades.ibge.gov.br, divulga informações acerca dos municípios brasileiros nos seus aspectos econômicos, políticos, sociais, demográficos e históricos. O IBGE fornece tabelas e gráficos com as suas pesquisas sobre todas as cidades e estados do país, oferecendo informações sobre a história dos 5570 municípios brasileiros e, inclusive, sobre seus nomes, desde os seus primeiros tempos.

Depois de analisarmos centenas de topônimos artificiais de matriz tupi de todos os estados brasileiros, escolhemos vinte nomes que exemplificam bem as categorias nas quais todos os outros podem classificar-se. Fizemos desses vinte nomes uma análise mais detida e minuciosa, por verificarmos que eles são paradigmáticos das classes que definimos.

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