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ISSN: 2317-2347 – v. 9, n. 2 (2020)
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Os nomes para os quais a presente pesquisa voltou-se foram somente os de matrizes tupis, que são os mais numerosos entre os de origem indígena, e fundamentalmente os nomes de espaços urbanos, isto é, sedes de municípios ou de distritos. É nos nomes destes que encontramos grande variabilidade onomástica, o que não ocorre com relação aos nomes de aspectos físico-naturais do espaço. Com efeito, conforme lembra Dauzat (1937), estes últimos tendem a se manter ao longo dos séculos.

Assim, por meio de levantamento dos topônimos nas línguas indígenas aqui consideradas, procedeu-se a uma pesquisa sobre a antiguidade deles, buscando-se conhecer desde quando tais nomes existem. Levando-se em conta que a língua brasílica da costa (i.e., o tupi antigo) e as línguas gerais dele originadas (com exceção do nheengatu), não eram mais faladas a partir da segunda metade do século XIX, consideramos todos os topônimos dessa origem, surgidos a partir de então fora das áreas de utilização do nheengatu (que ainda é língua viva), como artificiais.

Não tratamos aqui de topônimos híbridos, tais como Itainópolis (PI) ou Cotriguaçu (MT), que contêm étimos de origem não indígena. Não consideraremos tampouco os topônimos “pseudotupis”, isto é, aqueles que são composições e só aparentemente são de origem indígena, como é o caso de JUSSARA (BA), iniciais de Juscelino e Sara, prenomes de um ex-presidente do Brasil e de sua esposa, respectivamente.

5 Resultados e discussão
5.1 Análise das categorias de topônimos artificiais em questão

Após analisarmos os nomes artificiais de matrizes tupis no Brasil, concluímos poder dividi-los em duas categorias principais:

A. Topônimos adequados:

São nomes formados corretamente do ponto de vista gramatical e atribuídos a lugares onde as línguas de que se originaram foram efetivamente faladas. Ou, ainda, são nomes de origem tupi já incorporados ao léxico do português. Se compostos, obedecem às regras de composição das línguas de matrizes tupis nas quais foram criados.

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