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Deve fazer uma idéia, minha prima, do que será a véspera do casamento para um homem que ama.

A alma, a vida, pousa no umbral dessa nova existência que se abre e daí lança um volver para o passado e procura devassar o futuro.

Aquém a liberdade, a isenção, a tranqüilidade de espírito, que se despedem do homem; além a família, os gozos íntimos, o lar doméstico, esse santuário das verdadeiras felicidades do mundo que acenam de longe.

No meio de tudo isto, a dúvida e a incerteza, essas inimigas dos prazeres humanos, vêm agitar o espírito e toldar o céu brilhante das esperanças que sorriem.

O futuro valerá o passado?

E nessa questão louca e insensata debate-se o pensamento, como se a prudência e sabedoria humana pudessem dar-lhe uma solução, como se os cálculos da providência fossem capazes de resolver o problema.

É isto pouco mais ou menos o que se passava no espírito de Jorge, quando caminhava pela praia da Glória, seguindo o caminho de sua casa.

Davam dez horas no momento em que o moço chegava à rua de Matacavalos, à porta de um pequeno