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sobrado, onde habitava, depois da sua retirada do mundo.

Ao entrar, o escravo preveniu-lhe que uma pessoa o esperava no seu gabinete; o moço subiu apressadamente e dirigiu—se ao lugar indicado.

A pessoa que lhe fazia essa visita fora de horas era seu antigo tutor, o amigo de seu pai, a quem por algum tempo substituiu com a sua amizade sincera e verdadeira.

O sr. Almeida era um velho de têmpera antiga, como se dizia há algum tempo a esta parte; os anos haviam aumentado a gravidade natural de sua fisionomia.

Conservava ainda toda a energia do caráter, que se revelava na vivacidade do olhar e no porte firme de sua cabeça calva.

— A sua visita a estas horas... disse o moço, entrando.

— Admira-o? perguntou o sr. Almeida.

— Certamente; não porque isto não me dê prazer; mas acho extraordinário.

— E com efeito o é; o que me trouxe aqui não foi o simples desejo de fazer-lhe uma visita.

— Então houve um motivo imperioso?

— Bem imperioso.

— Neste caso, disse o moço, diga-me de que se trata, sr. Almeida; estou pronto a ouvi-lo.

O velho tomou uma cadeira, sentou-se à mesa que havia no centro do gabinete e, aproximando um pouco de si o candeeiro que esclarecia o aposento, tirou do bolso uma dessas grandes carteiras de couro da Rússia, que colocou defronte de si.