O moço, preocupado por este ar grave e solene, sentou-se em face e esperou com inquietação a decifração do enigma.
— Chegando a casa há pouco, entregaram-me uma carta sua, em que me participava o seu casamento.
— Não o aprova? perguntou o moço inquieto.
— Ao contrário, julgo que dá um passo acertado; e é com prazer que aceito o convite que me fez de assistir a ele.
— Obrigado, sr. Almeida.
— Não é isto, porém, que me trouxe aqui; escute-me.
O velho recostou-se na cadeira e, fitando os olhos no moço, considerou-o um momento, como quem procurava a palavra por que devia continuar a conversa.
— Meu amigo, disse o sr. Almeida, há cinco anos que seu pai faleceu.
— Trata-se de mim então? perguntou Jorge, cada vez mais inquieto.
— Do senhor e só do senhor.
— Mas o que sucedeu?
— Deixe-me continuar. Há cinco anos que seu pai faleceu; e há três que, tendo o senhor completado a sua maioridade, eu, a quem o meu melhor amigo havia, confiado a sorte de seu filho, entreguei-lhe toda a sua herança, que administrei durante dois anos com o zelo que me foi possível.
— Diga antes com uma inteligência e uma nobreza bem raras nos tempos de hoje.
Não houve nada de louvável no que pratiquei; cumpri apenas o meu dever de homem honesto e a promessa que fiz a um amigo.
— A sua modéstia pode ser dessa opinião; porém a