havia de necessariamente prejudicar a reputação de sua noiva.
Ele seria causa de que se concebesse uma suspeita sobre a pureza dessa menina, que havia respeitado como sua irmã, embora a amasse com uma paixão ardente; e este só pensamento paralisara a sua mão sobre o papel.
Recordou-se de que D. Maria um dia lhe havia dito:
— Jorge, a confiança que tenho na sua lealdade é tal que entreguei minha filha antes de pertencer-lhe. Lembre-se de que se o senhor mudasse de idéia, embora ela esteja pura como um anjo, o mundo a julgaria uma moça iludida. Espero que respeite em sua noiva a sua futura mulher.
E o moço reconhecia quanto D. Maria tinha razão; lembrava-se, no tempo da sua vida brilhante, que comentários não faziam seus amigos sobre um casamento rompido às vezes por motivo o mais simples. Deixar pesar a sombra de uma suspeita sobre a pureza de Carolina, era coisa que o seu espírito nem se animava a conceber; mas iludir a pobre menina, arrastando-a a um casamento desgraçado, era uma infâmia.
Durante muito tempo o seu pensamento debateu-se nesta alternativa terrível, até que uma idéia consoladora veio restituir-lhe a calma.
Tinha achado um meio de tudo conciliar; um meio de satisfazer ao sentimento do seu coração e aos prejuízos do mundo.
Qual era este meio? Ele o guardou consigo e o concentrou no fundo d'alma; apenas um triste sorriso dizia que ele o havia achado e que sobre a dor