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Envolta nas suas roupas alvas, no seu véu transparente preso à coroa de flores de laranjeira, os seus olhos negros cintilavam com um fulgor brilhante entre aquela nuvem diáfana de rendas e sedas.

Jorge adiantou-se pálido, mas calmo, e, tomando a mão de sua noiva, ajoelhou-se com ela aos pés do sacerdote.

A cerimônia começou.

No momento em que o padre disse a pergunta solene, essa pergunta que prende toda a vida, o moço estremeceu, fez um esforço e quase imperceptivelmente respondeu. Carolina, porém, abaixando os olhos e corando, sentiu que toda a sua alma vinha pousar-lhe nos lábios com essa doce palavra :

— Sim! murmurou ela.

A bênção nupcial, a bênção de Deus, desceu sobre essas duas almas, que se ligavam e se confundiam. Pouco depois desapareceram os adornos de cerimônia e na sala ficaram apenas algumas pessoas que festejavam em uma reunião de amigos e de família a felicidade de dois corações.

Jorge às vezes esforçava-se por sorrir; mas esse sorriso não iludia sua noiva, cujo olhar inquieto se fitava no seu semblante.

Entretanto a alegria de D. Maria era tão expansiva; o velho militar contava anedotas tão desengraçadas e tão chilras, que todos eram obrigados a rir e a se mostrar satisfeitos.

Jorge, mesmo à força de vontade, conseguiu dar ao seu rosto uma expressão alegre, que desvaneceu em parte a inquietação de Carolina.

Contudo havia nessa reunião uma pessoa a quem o