Página:A viuvinha. Cinco minutos.pdf/39

Wikisource, a biblioteca livre

moço não podia esconder o que se passava na sua alma, e que lia, no seu rosto como um livro aberto.

Era o sr. Almeida, que às vezes se tornava pensativo como se combinasse alguma idéia que começava, a esclarecer-lhe o espírito; sabia que a sua presença era naquele momento uma tortura para Jorge, mas não se resolvia a retirar-se.

Deram dez horas, termo sacramental das visitas de família; passar além, só é permitido aos amigos íntimos; é verdade que os namorados, os maçantes e os jogadores de voltarete costumam usurpar este direito.

Todas as pessoas levantaram-se, pois, e dispuseram-se a retirar-se.

O negociante, tomando Jorge pelo braço, afastou-se um pouco.

— Estimei, disse ele, que a nossa conversa de ontem não influísse sobre a sua resolução.

O moço estremeceu.

— Era uma coisa a que estava obrigada a minha honra, mas...

O sr. Almeida esperou a palavra, que não caiu dos lábios de Jorge. O moço tinha empalidecido.

— Mas?... insistiu ele.

— Queria dizer que não sou tão culpado como o senhor pensa; talvez breve tenha a prova.

O negociante sorriu.

— Boa noite, sr. Jorge.

O moço cumprimentou-o friamente.

As outras visitas tinham saído e D. Maria, sorrindo à sua filha, retirou-se com ela.