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Eram onze horas da noite.

Toda a casa estava em silêncio.

Algumas luzes esclareciam ainda uma das salas interiores, que fazia parte do aposento que D. Maria destinara a seus dois filhos.

Jorge, em pé no meio desta sala, de braços cruzados, fitava um olhar de profunda angústia em uma porta envidraçada através da qual se viam suavemente esclarecidas as alvas sanefas da cortina.

Era a porta do quarto de sua noiva.

Duas ou três vezes dera um passo para dirigir-se àquela porta e hesitara; temia profanar o santuário da virgindade; julgava-se indigno de penetrar naquele templo sagrado de um amor puro e casto.

Finalmente tentou um esforço supremo; revestiu-se de toda a sua coragem e atravessou a sala com um passo firme, mas lento e surdo.

A porta estava apenas cerrada; tocando-a com a sua mão trêmula, o moço abriu uma fresta e correu o olhar pelo aposento.

Era um elegante gabinete forrado com um lindo papel de cor azul-celeste, tapeçado de lã de cores mortas; das janelas pendiam