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Seguiram pela rua do Ouvidor.

— Não sei que interesse, dizia o nosso negociante, continuando a conversa; não sei que interesse tens tu, Carlos, em resgatares aquela letra!

— É uma especulação que algum dia te explicarei, Henrique, e na qual espero ganhar.

— É possível, respondeu o outro, mas permitirás que duvide.

— Por quê?

— Ora, é boa! uma letra de um homem já falecido, de uma firma falida! Aposto que não sabias disto?

— Não; não sabia! disse Carlos, sorrindo amargamente.

— Pois então deixa contar-te a história.

— Em outra ocasião.

— Por que não agora? Reduzo-te isto a duas palavras, visto que não estás disposto a escutar-me.

— Mas...

— Trata-se de um negociante rico, que faleceu, deixando ao filho coisa de 300 contos de réis e algumas dívidas, na importância de um terço dessa quantia. O filho gastou o dinheiro e deixou que protestassem as letras aceitas pelo pai, o qual, apesar de morto, foi declarado falido.