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— Lembra-se do que lhe disse, há cinco anos, na véspera do seu casamento?

— Lembro-me de tudo.

— Era minha intenção salvar a firma de meu melhor amigo... de seu pai. Mas a sua morte suposta impossibilitou-me. O passivo da casa excedia as minhas forças. Os credores reuniram-se e resolveram fazer declarar a falência.

— De um homem morto.

— É Verdade. Não o pude evitar. O mais que consegui foi abafar este negócio, comprando a alguns credores mais insofridos as suas dividas. Eis como essas letras vieram parar à minha mão.

— Obrigado, sr. Almeida, disse o moço comovido, ainda lhe devo mais esse sacrifício.

— Está enganado, respondeu o velho, querendo dar à sua voz a aspereza habitual; não fiz sacrifício; fiz um bom negócio; comprei as letras com um rebate de 50%, ganho o dobro.

— Mas quando as comprou não tinha esperança de ser pago.

— Tinha confiança na sua honra e na sua coragem.

— E se eu não voltasse?

— Era uma transação malograda; a fortuna do negociante está sujeita a estes riscos.

— Felizmente, Deus ajudou-me e quis que um dia pudesse agradecer-lhe sem corar, esse benefício. O que tinha sido da sua parte uma dádiva generosa, tornou-se um empréstimo que devo pagar-lhe hoje mesmo.

— Não consinto; prometeu-me ouvir como a seu pai; eis o que ele lhe ordena pela minha voz. — Todas as suas dívidas acham-