Página:A viuvinha. Cinco minutos.pdf/72

Wikisource, a biblioteca livre

se tornaria um remorso. Tenho dinheiro suficiente para pagá-la.

— E que lhe restará?

— Um nome honrado e a esperança.

O sr. Almeida resignou-se e acompanhou Carlos até à sua casa.

Ai, o moço abriu a carteira e, tirando os valores que há pouco havia guardado, entregou ao negociante a quantia de 30:000$ representada pelo algarismo das seis letras.

— Já lhe disse que só me deve 15:000$, disse o velho, recusando receber.

— Devo-lhe o valor integral destes títulos; se a firma de meu pai não inspirou confiança aos outros, para seu filho ela não sofre desconto.

Enquanto o sr. Almeida, mordendo os beiços, guardava as notas do banco e os bilhetes do tesouro, Carlos abria uma pequena carteira preta e, depois de beijar a firma de seu pai escrita no aceite, fechou com as outras essas últimas letras que acabava de pagar.

— Aqui está a minha fortuna, disse, sorrindo com altivez.

— Tem razão, respondeu o velho; porque aí está o mais nobre exemplo de honestidade.

— E também o mais belo testemunho de uma verdadeira amizade.

— Jorge!... exclamou o negociante, comovendo-se.

Alguns instantes depois, o sr. Almeida despediu-se do moço.

— Escuso recomendar-lhe uma coisa, disse Jorge ao negociante.

— O quê?