Página:A viuvinha. Cinco minutos.pdf/88

Wikisource, a biblioteca livre

O coração de Carolina sucumbira, mas não a sua vontade. Amava e combatia esse amor, que julgava perfídia. Uma esposa virtuosa, presa de alguma paixão adúltera, não sustenta uma luta mais heróica do que a dessa menina contra o impulso ardente do seu coração.

Esgotou todos os recursos. Às vezes procurava convencer-se da extravagância dessa afeição. Dizia a si mesma que ela não conhecia daquele homem senão o vulto. Sabia ao menos se era digno dos sentimentos que inspirava?

Essa desconfiança a alimentava quinze dias, um mês; depois dissipava-se como por encanto para voltar de novo.

Assim passou mais de um ano. Carolina tinha gasto e consumido toda a sua força de resolução; combatia ainda, mas já não esperava, nem desejava vencer.

Nestas disposições, uma noite se recostara à penumbra da janela, para esperar, como de costume, a sombra que vinha depor a muda homenagem do seu amor. O ar estava abafado; ergueu a vidraça, contando fechá-la logo depois.