Página:A voz do sino (Vicente de Carvalho, 1916).pdf/10

Wikisource, a biblioteca livre

  8


Badalo que assim badalas
No sino que assim resoa,
Aves, já nenhuma voa:
Dormem; e vais acordal-as
Á toa...

Vais espantar quanta moça
Ahi pelos arredores
Depois de um dia de roça,
De enxada e de soalheira,
Dedica a tarde lijeira
A tarefas bem melhores:

Pelas discretas beiradas
De alguma fonte; fiadas
Na proteção pitoresca
De ramagens, folhas, flores;
Que fazem elas? Coitadas,
Bebem, nas mãos, agua fresca...
Lavam as caras tostadas..
Ou cuidam dos seus amores..

Badalo que assim badalas
No sino que assim resoa,
Olha que vais espantal-as
Á toa...