Página:A voz do sino (Vicente de Carvalho, 1916).pdf/22

Wikisource, a biblioteca livre

 20


Mãis, pobres mãis andrajozas
De filhinhos semi-nus,
No chão de terra ajoelhadas,

Dizem couzas misteriozas,
Palavras entrecortadas
De magua que se lastima,
De suplica, e de esperança,

A essa outra Mãi que, lá em cima,
Na gloria do ceu, descansa
Do que passou neste mundo.

Ela que, com o mesmo eterno
Requinte do amor materno,
Sorriu a Jezus criança,
Chorou Jezus moribundo,

La, do alto ceu infinito,
Olha com olhos de Santa
E de Mãi que já sofreu
Tanto coração aflicto
Que se volta para o seu.

Na roça a mizeria é tanta...

Quanta pobre gente, quanta,
Expia o ser mal nascida
Cumprindo a pena da vida
Como pregada a uma cruz;