Página:Alfarrabios.djvu/158

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— Este traste será próprio? acudiu outro empolgando a penca afogueada do tabelião.

— Com certeza é postiço!

— Puxa-o tu, que logo verás! Eu cá aposto que é beque de algum saveiro! Tanto espremeram as ventas do pobre homem, que afinal rompeu uma descarga de espirros, a modo de fuzilaria, e respingou de tabaco e monco os olhos e a boca dos rapazes. Diante desse fogo rolante fugiram os assaltantes, tomados de nojo e perseguidos pelas galhofas dos companheiros que haviam escapado à metralha narigal.

Nesse momento assomou o prelado à porta da rua, e com sua habitual mansuetude exortou os seus fâmulos, ordenando-lhes que se recolhessem:

— Pode seguir descansado, senhor tabelião, que já os acomodei. Isto de rapazes, são como cachorros, que em pilhando a porta aberta, embestegam por ela afora, e não há ter mão neles.

O Sebastião Ferreira não se dignou ouvir. Amarrotado pela encapelação na qual entretanto nunca perdera a sua gravidade, enveredou para a casa, onde chegou bufando de cansaço e de raiva. O pavio de uma candeia não arderia mais do que o magriço tabelião aceso em ira.

No entanto o Ivo, desapercebido do que sucedera,